quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O Estado de Transe e suas Manifestações - Parte I

“Aqueles que buscam novos estados da mente – devotos
do controle da mente, entusiastas de grupos de encontro, os que
tomam drogas, médiuns, os que meditam – todos estão em uma
viagem para o universo interior tentando romper os limites da
mente socialmente condicionada. Se é aceitável ou inaceitável,
moral ou imoral, sábia ou tola, a mente do homem está se
movimentando em direção a uma nova evolução.”
Dra. Barbara Brown

   O universo é uma dança de energias, um uni-verso, uma canção única de ritmos e harmonias em constante transformação. sustentando a melodia do mundo físico existe rica interação de contrapontos e composições harmônicas. Vemos somente uma fração de faixa de radiação que forma o espectro;
ouvimos apenas reduzindo número de possíveis frequências de som. Comumente, tomamos consciência de uma melodia isolada; ouvimos exclusivamente o flautim em uma orquestra infinita.

Entrar em transe é mudar e expandir a nossa percepção: captar a batida dos tambores, os violinos soluçantes, o lamento dos saxofones, conhecer as harmonias entrelaçadas que são tocadas em novos tons e nos emocionarmos com a extraordinária sinfonia.
    Estados de transe, estados de consciência incomuns, têm sido nomeados de várias maneiras: expansão da percepção, meditação, hipnose, "ficando alto". Técnicas de transe são encontradas em todas as culturas e religiões - do cântico rítmico de um xamã siberiano às associações livres no divã de um analista freudiano. A ânsia em romper os limites da mente socialmente condicionada parece ser uma necessidade humana profundamente enraizada. Existe infinita variedade de possíveis estados de transe.



    Todos experimentamos o transe leve toda vez que entramos em um devaneio; concentramo-nos e profundamente; assistimos a uma peça, filme ou programa na TV;quando voltamos a nossa atenção para dentro e esquecemos o mundo sensorial. Em estados profundos, podemos ter experiências como a descrita por John C. Lilly:

   "Penetrei numa região de estranhas formas de vida, nem acima e nem abaixo do nível humano, mas seres estranhos, de estranhos formatos, metabolismos, formas de pensamente e assim por diante. Tais seres lembravam-me alguns dos desenhos que havia visto, de deuses e deusas tibetanos, de antigas representações gregas de seus deuses e alguns monstros de olhos arregalados da ficção científica."
    Níveis mais profundos de transe podem revelar sentidos paranormais, percepção mediúnica e pré-cognição. Podemos ter empatia e entrar em contato com outros seres e outras formas de vida; em Bali, a palavra para transe significa "tornar-se".
    
 Ocultistas e metafísicos deleitam-se em tentar classificar, definir e ordenas os vários estados de consciência, processo algo semelhante ao de tentar medir uma nuvem com uma régua. Quando
impomos uma ordem linear, do cérebro esquerdo para um padrão complexo do cérebro direito, ficamos inclinados a acreditar que adquirimos controle sobre o fenômeno; no entanto, nada mais fizemos que apontar para algumas estrelas com o raio de luz de nossa lanterna.
 
 Classificar a consciência estimula, também, os jogos de isolamento do tipo "sou mais elevado do que tu". Pessoas despendem energia definindo em qual estado se encontram, como se a consciência fosse uma escola secundária cósmica, onde os terceiranistas estivessem autorizados a tratar com superioridade as crianças do jardim de infância. A questão não é o nível em que nos encontramos, mas o que estamos aprendendo.
 
 Compartilhar e comparar experiências de transe e ler a respeito de descrições de estados alterados de percepção podem, todavia, propiciar insights valiosos. Uma das coisas mais importantes a ser compreendida é que os estados de transe tanto são subjetivos quanto objetivos.

Há uma série contínua de experiências, parte da qual é relevante somente para o universo interior do indivíduo e parte que pode ser dividida e reconhecida pelos outros. Aquilo que tem início na imaginação torna-se real, mesmo que essa realidade seja de natureza diferente da realidade dos sentidos físicos. É a realidade das correntes de energia subjacentes que molda o universo.
 
 A percepção comum é um processo dos sentidos físicos. Aquilo que vemos, ouvimos, sentimos, cheiramos ou provamos é posteriormente condicionado pela linguagem, o conjunto de símbolos culturais que nos permite nomear aquilo que percebemos.

O nome dá forma a um estímulo sensório amorfo transformando-o em algo reconhecível e familiar, guiando a nossa resposta. Mas, a percepção no estado de transe não é limitada pelos sentidos físicos. "Cores astrais" não são vistas pelos olhos físicos; sons são "ouvidos" apenas em nossa mente. As correntes de energia sutil não se encaixam em modelos sensoriais. Nossa linguagem não as nomeia e não possui palavras que as descrevem adequadamente.

    A percepção do transe deve ser traduzida para as modalidades que conhecemos. O que fazemos, basicamente, é construir um elaborado mundo metafórico para representar a realidade daquilo que é
chamado de astral. Se formos competentes o bastante no assunto, criaremos sentidos metafóricos que "veem", "ouvem", "sentem, "cheiram" e "provam. Essas percepções pseudossensoriais são, então, mais extensamente interpretadas por um sistema simbólico que atende às nossas expectativas.

    Por exemplo, Lilly descreve o encontro com dois prestimosos "guias", que "podem ser dois aspectos da minha própria prática em nível de superego. Eles podem ser entidades em outros espaços, em outros universos além da nossa realidade consensual. Eles podem ser construtos e conceitos úteis que utilizo para a minha própria evolução futura. Eles podem ser representantes de uma escola esotérica oculta. Eles podem ser conceitos operando em meu próprio biocomputador humano em nível supra-humano. Eles podem ser membros de uma civilização há milhares de anos à nossa frente."

    Um cristão devoto, no entanto, poderá chamar as mesmas entidades de "anjos" ou, talvez, "santos abençoados" e vê-los com asas, harpas, auréolas e toda a indumentária apropriada. Um bruxo poderá chamá-las de as duas partículas associadas da consciência que se encontram no interior do self profundo e "vê-las" sob a forma de formas masculinas e femininas que brilham com uma luz azul.

    A visão astral é sempre uma mistura do subjetivo com o objetivo. Fomas sensórias e interpretações simbólicas  são subjetivas, aquilo que encobre as entidades e encobre as entidades e energias objetivas. Se essas entidades são forças internas ou seres externos depende de como definimos o self. É mais romântico e excitante (e, provavelmente mais verdadeiro) vê-las pelo menos parcialmente externas; é psicologicamente mais saudável, e provavelmente mais inteligente, vê-las como internas.

    Uma coisa pode ser interna e ainda assim ser objetiva, ser real. Uma neurose, ou conflito, por exemplo, pode ser certificada como real por terceiros antes mesmo de ser percebida pela pessoa. E nada externo pode ser admitido na psique a menos que uma força interna, correspondente, o permita. Nenhuma "entidade" pode possuir um espírito que nega sua entrada.

    Energias astrais podem ser moldadas em formas que serão duradouras e percebidas por mais de uma pessoa. Crenças e imagens coletivas também moldam energias astrais e criam "espaços" e seres. Céu, inferno e terra da juventude existem todos no campo astral. As formas de energia que criamos coletivamente, por sua vez, nos moldam e ao mundo em que vivemos.

    Formas astrais podem ser "estabelecidas" em objetos físicos. Quando povos antigos afirmavam que ídolos eram os deuses, queriam dizer que a forma astral do deus encontrava-se instalada na estátua. Em Moon Magic, Dion Fortune descreve o estabelecimento de uma forma de energia em um local de trabalhos mágicos, o qual "tem que ter o seu templo astral construído sobre ele e esta é a parte realmente importante; e isto foi o que fizemos - sentamo-nos e imaginamos - nada mais - mas - trata-se da imaginação de uma mente treinada!

    " Assim sendo, nos sentamos, minha amiga e eu... e visualizamos o templo de Ísis como o havíamos conhecido, próximo ao vale dos reis, nos grandes dias de culto. Imaginamos seus amplos contornos, e então o imaginamos detalhadamente, descrevendo tudo aquilo que víamos, até que cada um de nós pudesse vê-lo cada vez mais nitidamente.
    Imaginamos a chegada através da avenida de esfinges; o grande pilono; dos têmenos cercado; o pátio com seu lago de lótus; suas colunatas ensombradas e o grande corredor com seus pilares... E, enquanto fazíamos isso, alternadamente olhando e descrevendo, as cenas fantasiadas começaram a tomar o perfil de uma realidade objetiva e nos encontrávamos nelas; não olhávamos para elas com o olho da mente, mas andávamos nelas. Depois disso, inexistiu esforço de concentração, pois a visão astral tomara o controle."

    A consciência pode viajar no campo astral de várias maneiras diferentes. A "projeção astral", descrita por vários ocultistas, envolve a separação do corpo astral de seu alojamento físico, mantendo apenas um fio de energia etérea à guisa de conexão. Em outras palavras, é a criação de um estado metafórico completo, vívido e sensório, através do qual todas as percepções podem ser compreendidas.

O corpo astral pode movimentar-se através do universo físico, embora com dificuldades. Mais frequentemente, ele permanece dentro da área de energia e formas de pensamente que são o campo astral.

    Também é possível projetas somente a consciência, sem a construção de um "corpo". A "sensação" física diminui e muita prática pode ser necessária a fim de se alcançar a nitidez e a aprendizagem para interpretar percepções, porém esse método suga menos energia e é menos perigoso. O corpo astral, quando projetado, "alimenta-se" da raith (egrégora pessoal) e a prática pode ser desvitalizante se exercitada com muita frequência. É comum voltar sentindo frio extremo e muita fome. Quando estamos aprendendo a entrar em estados de transe, é importante proteger a saúde do corpo físico comento bem, dormindo o suficiente e fazendo exercícios regulares.
 
    Um trabalho de transe de qualquer tipo deve ser levado a cabo somente em local reservado e seguro, onde se possa permanecer sem ser perturbado. Como o transe diminui, temporariamente, suas percepções em relação ao mundo externo e seus perigos, parques, praias públicas, ruas, ônibus, onde se pode ser assaltado, agredido ou molestado, não são locais adequados. Organize um círculo protetor ao redor de seu corpo antes de deixá-lo, mediante ritual elaborado ou visualização simples. Isso criará uma barreira de energia garantindo segurança no plano astral do mesmo modo que se a assegurou no terreno físico.

Aguardem a parte II, pessoal!
Que a Grande Alva os abençoem.

- UPDATE: Acompanhem também a PARTE II e PARTE III -

4 comentários: