Ou seja, falaremos de um dos simbolismos da Grande Soturna ou como é mais chamada, Lua Negra.
É inevitável notar o quanto a morte está presente em nossas vidas, ela é, sem dúvida alguma, a certeza mais latente da vida. Mas não existe apenas um tipo de morte.
Existem as mortes rotineiras, de todos os dias, aquelas mortes em que deixamos atitudes para trás, que pensamos e resolvemos deixar de lado tal sentimento;
existem as mortes sentimentais, quando encerramos nosso relacionamento com tal pessoa ou grupo; existe a morte carnal, que é quando começamos a viver; existe a segunda morte, que é quando o espírito ascende e desprende-se do corpo carnal, da materialidade, etc.
Há muitas formas de se notar a morte, desde internamente, trazendo esta visão para si e suas atitudes, quanto externamente, vendo que todo o ciclo finda e recomeça com esta certeza absoluta. Daí entramos noutra face.
A morte também simboliza a regeneração, a luz sobre nossas cabeças, em muitas culturas e mitologias a morte apresenta-se como um marco final para a iluminação, como vemos no exemplo de Jesus, etc. É com a morte que vem o ressurgimento. É preciso morrer e morrer para alcançarmos a iluminação, para matar nossos demônios e construirmos dentro de nós nosso templo dourado.
A Grande Soturna é a fase de morte do ciclo. A Criança nasce, a Jovem aprende, a Mãe prospera, a Velha ensina e a Soturna transmuta-se, ou seja, nascemos, aprendemos, temos nosso auge, envelhecemos e morremos (nos transformamos). A vida é feita de morte, sem a morte não haveria evolução, sem a morte frequente de deixar irem embora certos preceitos e paradigmas, não haveria evolução e por aí vai. A morte está inerente a algo maior. Yeshua prova sua santidade quando entrega-se a seu destino de fim para cumprir sua obra.
Nosso elixir de vida longa só pode ser conseguido através da morte, porque a morte é vida. Entender esta máxima é como entender tudo, porque tudo morre, mas nada morre, porquê tudo é vida!
Muitas tradições bruxas, na Grande Soturna, cultuam o lado sombrio da natureza, fazendo reverência à deidades consideradas negras ( por possuírem analogia com a morte e trevas ), justamente para se conectarem com seu lado mais escuro e assim entender-se mais profundamente.
Na Lua Negra nos deparamos com nosso eu mais sombrio, com nosso ego, com nossos demônios. Uns dirão que você deve aniquila-los, mas se são seus é por que tem alguma finalidade. Chico Xavier diz :
"Você nasceu no lar que precisava nascer, vestiu o corpo físico que merecia, mora onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com o teu adiantamento.
Você possui os recursos financeiros coerentes com tuas necessidades... nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas. [...] Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes. São as fontes de atração e repulsão na jornada da tua vivência. Não reclame, nem se faça de vítima.
Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograma tua meta, busca o bem e você viverá melhor. Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."
Então se nós possuímos tudo que precisamos para evoluir, por que deveríamos então subjugar nosso lado sombrio? O universo é dual, assim como devemos ser, ou seja, buscar o equilíbrio é o que importa, ser o tao.
A morte e a vida estão interligadas de uma forma muito visível. Elas são gêmeas fraternas, podemos achar que são opostos, mas são polos complementares de uma mesma força.
Aceitar a morte é uma parte difícil da nossa jornada. As vezes estamos em certa ordem ou fraternidade cheios de amigos, cheios de vivências lindíssimas, porém, percebemos em nosso interior, que não pertencemos mais aquele lugar. Esta é a parte difícil, o desapego. Deixar morrer algo que parece estar próspero é incerto, mas devemos lembrar que nosso Eu divino fala e devemos ouvi-lo.
Aceitar que algo deve morrer em nossa vida é extremamente necessário em nossa formação espiritual, pois só assim progrediremos. Sua obra naquela ordem ( citando o exemplo supracitado ) talvez não seja mais necessária, talvez você deva fazer outra coisa, encontrar novas pessoas, iniciar mais uma primavera e despertar novamente a criança para passar por todo o ciclo novamente.
A morte vem para nós como um sopro da Divindade nos pedindo para transmutar-nos e percebermos que nada tem um fim, mas que tudo vibra e se transforma. Muitas iniciações a graus superiores são simuladas com uma morte, justamente porque evoluir significa morrer.
Como uma serpente que troca sua derme, devemos a cada passo de nossa vida nos transformar, para só assim, dar mais um passo na busca pela pedra filosofal.
Gostei muito de sua visão sobre a morte. Eu sempre aprendi que a Bruxaria, a Arte é feita de ciclos e a todo momento um ciclo se finda e outro se inicia. Ou seja, após toda morte, uma vida começa, morremos quando mudamos um parâmetro de pensamento, morremos quando passamos para uma nova fase da vida, morremos quando começamos a namorar, quando nos casamos, quando nos divorciamos, quando passamos de criança para adolescente, de adolescente para adulto, de adulto para ancião, enfim... Vivemos morrendo, vivemos renascendo e isso é lindo, é lindo os Deuses nos permitirem nascer e morrer, não se apaixonar mais e se reapaixonar tanto pelos Deuses quanto pela Arte e pelas pessoas a nossa volta. Acredito que ás vezes os Deuses nos permitem perder a fé na Arte, na magia e Neles para nos lembrarmos do por que começamos, como começamos e ver por que queremos ou não continuar. A morte é um processo necessário da vida. :) Mais uma vez, lindo texto.
ResponderExcluirMuitíssimo obrigado pela sua contribuição. É isso, mesmo. Fico triste em ter podido responder apenas esses anos depois, parece que sua conta nem é mais ativa, rsrsrs, mas mesmo assim agradeço. Paz e luz!
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