terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Um breve Passeio pela História da Astrologia – Da Renascença ao século XX – Parte III (final)

Então pessoal, este é o terceiro e último texto da série sobre o resumo da história da astrologia. Se você está aqui mas não leu os outros textos é importante que os leia para uma melhor compreensão.  Aqui estão eles:
Mas vamos a parte III.

Renascença

A astrologia viveu um momento de grande prestígio durante o Renascimento. O número de astrólogos não parou de crescer e todas as pessoas, da alta sociedade às grandes massas, acreditavam na predição dos astros.
Em relação aos métodos, parece que pouquíssimos aspectos na correnta árabe-latina eram diferentes daqueles da Idade Medieval. No entanto, surgem pensadores que seguiam as ideias de Ptolomeu, que criticam o pensamento árabe e fazem
uma “reforma” na astrologia, seguindo a linha das obras de Kepler.


Uma guinada importante no pensamento renascentista foi a derrubada de da teoria geocêntrica por Nicolau Copérnico, mudando a ideia de que não é a Terra o centro do Universo, mas sim o Sol, de maneira que a Terra e outros planetas orbitam em torno dele. Apesar de a astrologia continuar fortemente ligada ao geocentrismo, essa mudança não fez com que a crença nas predições dos astros desaparecesse. 

Inclusive, o próprio Copérnico acreditava nas influências plantarias. Da mesma forma, tycho-Brahé – mestre de Kepler – não foi somente um astrônomo de renome, como também um astrólogo convicto na prática da elaboração de horóscopos. Como afirma Martha Pires: “É do ponto de vista da terra que percebemos os movimentos celestes. É da Terra que fazemos nossos referências e plasmamos infinitudes’.”
Na Renascença, poucos pensadores realmente condenavam a astrologia, e quando o faziam, a motivação era científica, e não religiosa.

A rainha Caratina de Medicis, da corte francesa, teve dois astrólogos famosos a seu serviço: Nostradamus e Augier Ferrier. Nostradamus (1503-1566), autor das Centúrias, foi médico, astrólogo, adivinho e profeta. Ele ligou a astrologia as praticas mágicas. Na Italia, dentre os pensadores renascentistas praticantes da astrologia, se destacou o filosogo, médico e matemático Jerônimo Cardano (1501-1576) e, na Alemanha, o ilustre Paraceksim que relacionou astrologia e medicina de maneira explícita. Na França, Jean-Baptiste Morin, de Villefranche (1538-1656), autor da obra Astrologia Gallica, composta de 26 livros, foi um dos mais importante compiladores e codificadores da astrologia.

Séculos XVII, XVII, XIX e XX

É passível de entendimento que não há um verdadeiro rompimento entre a renascença e o século XVII. Sendo assim, durante muito tempo as perspectivas astrológicas não se modificaram.
Johanes Kepler (1571-1630) elaborou as três leis que regem as órbitas dos planetas em torno do Sol. Ele fez seu próprio horóscopo, além de fazer predições astrológicas para os nobres.
No começo do século XVII, entre os membros da fraternidade Rosa-cruz, a astrologia era tida em alta conta, e renomados astrólogos fizeram parte dessa sociedade secreta. Para os rosacrucianos, a astrologia era um saber indispensável das ciências herméticas tradicionais.

O mais célebre astrólogo desse século foi Willian Lilly (1601-1682), autor da obra Astrologia cristã, com mais de oitocentas páginas.
No meio do século XVII, a astrologia e a astronomia se separam definitivamente e, desde então, quase nenhum astrônomo acreditaria mais na astrologia. Exceção a essa regra foi Flamstead, criador do Observatório de Greenwich. Uma passagem interessante relacionada com essa separação é o comentário de Isaac Newton e Halley, astrônomo e cético que questionava as bases da astrologia:
“Senhor, eu a tenho estudado, o senhor não.”

No entanto, nos meios eclesiásticos, as atitudes eram cada vez mais de desconfiança e condenação em relação à astrologia. Em 1666, Colbert, ministro das finanças de Luís XIV, baniu a astrologia das disciplinas ministradas nas universidades, sob a justificativa de não estar baseada na metodologia científica. Além disso, o próprio Luís XIV, em 31 de julho de 1682, proscreveu a impressão e a divulgação dos almanaques astrológicos em todo o reino. À medida que o século XVII avançava, o descrédito da astrologia crescia, sendo visível não só no meio acadêmico, como também na arte.
No século XVIII, o “Século das Luzes”, a atitude geral das pessoas era completamente cética em relação à astrologia. Afinal, no auge do racionalismo, esse saber foi renegado, porque não se podia prova-lo letivo de 1770, o último curso acadêmico de astrologia é fechado na Universidade de Salamanca, na Espanha. No entanto, nas sociedades secretas, como a já citada Rosa-Cruz, a astrologia ainda era preservada. Não obstante, por mais de um século, o conhecimento astrológico ficou nas mãos de um pequeno grupo de indivíduos na Europa.

Entre os cultos da sociedade do século XIX, o desc´redito na astrologia se mantinha, e somente em meados desse século se registrou a chegada de novos ares. E foi sob os pseudônimos bíblicos de Zadkiel e Raphael que dois ingleses reabilitaram a apreciação sobre a astrologia. Zadkiel (Richard James Morrison) e Raphael (William C Wright), dois astrólogos, publicam diversos almanaques astrológicos, marcando o início da chamada “astrologia científica”, que se espalhou pelo mundo anglo-saxônico e pelos Estados ocidentais.

Desse modo, os astrólogos desse século e dos subsequentes deveriam se preocupar com o cientifismo do saber, e também com a renovação das perspectivas tradicionais da astrologia. Muitos deles pertenciam a sociedades secretas, como a Sociedade Teosófica, fundada por Madame Blavatsky, e a Ordem Martinista de “Papus”.
Na belle époque, período de profundas transformações culturais do início do século XX, o espetacular renascimento da astrologia não cessou. No começo dessa época, os livros e as revistas sobre o assunto, além das escolas especializadas, eram um tremendo sucesso. Um pouco antes da Segunda Guerra Mundial, Charles Fossez – o Fakir Birman – inventou os horóscopos diários que, hoje em dia, são famosos e indispensáveis nos jornais do mundo inteiro.

Desse modo, a astrologia comercial cresceu não só na imprensa, através dos jornais e das
revistas, como chegou também ao rádio e à televisão. Mas o último aperfeiçoamento foi o horóscopo feito no ano de 1968, em Paris, pelo computador IBM 360-30, que calculou os dados astronômicos de uma carta natal e, cruzando-os com textos redigidos a priori, traçou um retrato psicológico individualizado.


Foi mergulhado nesse caldo cultural da época que teve início a divisão entre os astrólogos que querem da astrologia uma ciência a todo custo e aqueles que permanecem ligados às tradições. 

Foi ainda nesse cenário do século XX, da época do surgimento de tantos novos saberes, que nasceu a astrologia humanista, tão bem representada, entre outros, por astrólogos como Dane Rudhyar, Ste´han Arroyo e Liz Green e, no Brasil, pela alemã Emma Costet de Mascheville. Cabe, nesse momento, transcrever novamente uma das declarações feitas por essa astróloga, ilustrando de maneira magistral a natureza desse novo olhar: “Não é o Saturno do céu que atormenta e, sim, o que está em ti.”

Esta série foi retirada do livro Os astros sempre nos acompanham, da autora Cláudia Lisboa. 
É isso pessoal. Até mais e que a Grande Alva os abençoem.

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