terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Os Aspectos Básicos dos Chakras – Introdução ao Estudo dos Chakras – Parte I

Na Shiva Samhita (cap.2), Shiva claramente exprime a conhecida afirmação yogue: “Assim como é no macrocosmo, assim será no microcosmo.” Ele diz:

dehe ‘smin vartate meruh saptadvipasamanvitah
saritah sagaras tatra kshetrani kshetrapalakuh
rishayo munayah sarve nakshatrani grahastatha
punyatirthani pithani vartante pithadevatah
srishtisamharakartarau bhramantau shashibhaskarau
nabho vayushcha vahnishcha jalam prithvi tathaivcha
trailokye yani bhutani tani sarvani dehatah
merum samveshtya sarvatra vyavharah pravartate
janati ya sarvam idam as yogi natra samshayah
brahmandasamsnaake dehe yathadesham vyavisthitah

Um aspirante ao Yoga deveria ver em sua própria espinha dorsal (meru) as sete ilhas (chakras), os rios, os oceanos, as montanhas, os guardiões das oito direções, os videntes (rishis), os sábios (munis), as estrelas e os planetas e todas as constelações, todos os lugares sagrados (tirthas), os lugares de poderes especiais (siddha pithas) e suas divindades, o Sol e a Lua, e a fonte primordial de criação, preservação e destruição.
Ele deveria ver no microcosmo de seu próprio corpo os cinco elementos básicos (akasha, ar, fogo, água e terra) e todas as outras coisas que existem nos três mundos (lokas) do macrocosmo. Tudo isso é sustentado pela coluna vertebral (meru) e existe na coluna vertebral. Quem conhece esse segredo é de fato um yogin, não há dúvidas a esse respeito.

Isso torna claro que os chakras são centros sutis localizados na medula espinal e não nos densos plexos nervosos, que estão fora da coluna vertebral. Ao mesmo tempo, os chakras são playground dos elementos, os blocos construtores de toda existência psicofísica. 

Os cinco elementos surgem a partir dos cinco tanmatras: som (shabda), olfato (gandha), paladar (rasa), forma (rupa) e tato (sparsha). Tanmatras são puras frequências ou essências. Isto foi afirmado: “O som cria o vazio (akasha), como o olfato cria a terra, o paladar cria a água, a forma cria o fogo e o tato cria o ar” (gunakam akasham shabda). A partir dos tanmatras se desenvolvem os elementos (mahabhutas) e dos mahabhutas se desenvolvem os órgãos dos sentidos e os órgãos de ação (indriyas). 

Embora os chakras sejam sutis, eles tem uma relação precisa com o campo material concreto do corpo e suas funções. Cada um dos cinco primeiros chakras está associado com um elemento específico: o chakra Muladhara com a terra, o chakra Svadhisthana com a água, o chakra Manipura com o fogo, o chakra Anahata com o ar e o chakra Vishuddha com o akasha. Cada um dos tanmatras está relacionado com um princípio dos sentidos, de modo que cada chakra também está conectado com um órgão específico dos sentidos.

Em um corpo vivo, o campo material e o não material se interpenetram. A respiração é uma atividade neuromotora que ativa todos os sistema que existem no corpo. Respirar introduz prana, a força vital, que opera tanto com os aspectos materiais como os não materiais do organismo individual. Svara-Yoga (o yoga da respiração nasal) claramente mostra que os chakras são o playground das forças sutis tanmatra-mahabhuta. 
Nas novecentas respirações feitas a cada hora, existe um ciclo de respiração nasal no qual cada um dos elementos domina por um período de tempo. Cada chakra é vitalizado quando a energia flui no elemento com o qual esse chakra está conectado. 

Durante cada ciclo de respiração nasal através de uma narina, direita ou esquerda, o elemento ar (que influencia o quarto chakra) domina por oito minutos, a seguir o elemento fogo (terceiro chakra) por doze minutos, depois o elemento terra (primeiro chakra) por vinte minutos, depois o elemento água (segunda chakra) por dezesseis minutos, a seguir akasha (quinto chakra) por quatro minutos. Juntamente com a operação normal dos chakras determinada por essa respiração oscilante, todas as nadis, com exceção da Sushumna, estão ativas. No último minuto, por um breve período de dez respirações, ambas as narinas funcionam juntas, ativando a nadi Sushumna que, de outro modo, estaria dormente. E então o ciclo inteiro começa novamente na outra narina.

Entretanto, é importante compreender que esse funcionamento dos chakras e a breve ativação da Sushumna são coisas muito diferentes da penetração dos chakras pela energia desperta da Kundalini, que se move para cima na nadi Sushumna. Os chakras são centros psíquicos, bem como centros de transformação da energia psíquica ou mental em energia espiritual. Cada chakra é um armazém de vários tipos de energias psicofísicas, que são ativadas pela respiração quando a energia passa de um chakra para outro com o fluxo dos elementos. 

O prana entra no corpo através da respiração nasal e trabalha tanto no nível material concreto como no nível sutil. As energias sutis são forças da combinação tanmatra-mahabhuta. Cada força tanmatra é representada por uma sílaba seminal (bija mantra), composta de frequências de som (dhavani), de poder de som (sphota) e de um bindu, que é a forma consciente. As frequências de som e seus poderes inerentes são expressos como divindades. O poder do bindum que é consciência,
controla todas as forças que operam num chakra. (...)

(...) Segundo o Rudrayamala Tantra, os chakras estão dentro do núcleo mais íntimo da nadi Sushumna, conhecida como nadi Brahma, que é a portadora de energia espiritual. Quando a energia espiritual enrolada (Kundalini) é desperta pelas práticas do Yoga, a Kundalini dormente deixa a sua morada no chakra Muladhara e se move para cima na nadi Brahma, no interior da nadi Sushumna.
A força prânica é afastada de todos as outras nadis e concentrada na Sushumna, que causa a suspensão da respiração. Nesse momento, a função normal dos chakras, enquanto centros psíquicos, cessa e eles começam a funcionar como centros de transformação da energia psicofísica em energia espiritual. 

Quando a energia espiritual se encontra em vigor, a Kundalini absorve todas as outras energias dos chakras (dos elementos, mantras, os órgãos dos sentidos e de ação, prana, as divindades principais e Shaktis) e se move para cima através de nadi Brahma. Quando a Kundalini desperta passa pelos diferentes chakras, várias experiências espirituais ocorrem. A função normla dos chakras é recuperada e tudo volta a ser o que era quando a Kundalini retorna ao Muladhara e se enrola novamente.
A meditação nos chakras é uma grande ajuda aos aspirantes do yoga bem como às pessoas que estão vivendo no mundo (não renunciaram ao mundo). Quando um aspirante trabalha com os chakras, a tarefa é tornar o chakra inativo pelo despertar do fluxo ascendente da energia Kundalini através do chakra. A influência dos cinco elementos nos primeiro cinco chakras é retratada na ilustração de cada chakra pela forma particular (yamtra) daquele elemento. 

Tradicionalmente, cada chakra é visto na forma de um lótus (um círculo em torno do yantra, circundado por um número específico de pétalas). As pétalas são a base das modificações mentais
(vrittis) e desejos relacionados. As modificações mentais são um modo de nosso ser e são mantidas pelo funcionamento dos sentidos. As vrittis não operam todas ao mesmo tempo, mas alguma vritti está sempre ocupando a mente.

Diz-se que as pétalas de lótus em geral estão apontando para baixo, fazendo a energia fluir no sentido descendente, mas quando a Kundalini Shakti sobe, as pétalas se erguem como um lótus em flor. Esse movimento ascendente das pétalas se erguem como um lótus em flor. Esse movimento ascendente das pétalas obstrui o fluxo descendente da energia e age como um bloqueio.
Nos chakras, cada pétala tem uma sílaba seminal (bija mantra) associada a ela. Os bija mantras são frequências de sono usados para invocar a energia divina dentro do corpo. A sílaba seminal é o reservatório da divindade na forma mais concentrada. Esse poder latente da divindade é despertado pela produção do som em uma maneira apropriada. Só se pode aprender o processo de produzir som de modo correto diretamente de um guru. 

Quando o discípulo aprende a produzir o som de maneira correta, este rapidamente produz o efeito desejado de invocar a energia divina. O aspecto sonoro do mantra assume a forma da divindade conectada com o mantra e conduz o discípulo ao estado de profunda e ininterrupta concentração. 

Quando as divindades são invocadas pelas sílabas seminais elas são absorvidas pela Kundalini à medida que a energia desenrolada se move para cima. Os chakras param de funcionar quando a Kundalini sobe e a respiração é suspensa. Quando a respiração começa novamente, os chakras são reativados e o jogo de prana, mente, ego e intelecto, recomeça.
No modo mundano, nós tentamos refinar o comportamento da unidade individual de consciência adotando mecanismo de controle e harmonizando a influência dos chakras. A energia flui através dos chakras e é transformada por eles. 

O comportamento é influenciado pelos elementos, pela energia prânica, pela mente, pelo intelecto e pelo ego. Embora a energia mude com o elemento, as obsessões da mente e do ego compelem o intelecto a pensar de modo constante sobre os desejos que ocupam a mente. Assim, a mente cria o mundo individual. O ego decide o que é e o que não é importante. O intelecto encontra maneiras de agir e métodos de conseguir o objetivo desejado. Dessa maneira, o mundo não é o mundo exterior, mas o mundo com o qual alguém se associa mentalmente.

Os chakras podem ser considerados como rodas da mente que habitam a floresta dos desejos. E os desejos, como as próprias rodas, são grandes forças motivacionais. Cada chakra é um estágio do playground de desejos, revelando sua influências nas pessoas que estão apegadas ao prazer daquele chakra particular. 
Através da vida, a pessoa habita essa floresta; ela pensa e compreende as situações da vida a partir da referência do chakra no qual normalmente se sente mais confortável. Cada chakra se torna um estágio para o psicodrama da energia eletroquímica que se expressa como um comportamento nos seres humanos. Como resultado, existem características comportamentais específicas associadas com cada chakra.

Enquanto instrumentos dos elementos, os primeiros cinco chakras criam ambientes interiores que mudam de acordo com a energia do elemento sendo irradiado. Essas mudanças levam a mudanças nos desejos e disposições que podem fazer com que a mesma pessoa se comporte de maneira diferente em momentos diferentes. 
Por exemplo, como resultado da influência dos cinco elementos, o conceito de segurança é diferente para cada um dos cinco primeiros chakras: no primeiro chakra, a segurança é emprego e abrigo; no segundo chakra é beleza pessoal e juventude; no terceiro chakra é autoridade e status; no quarto chakra, é fé; no quinto chakra é conhecimento.


Os chakras são importante para os yogins enquanto agentes de transformação da energia mental em energia espiritual; eles podem ser igualmente interessantes para os psicólogos, por causa de sua influência no jogo da energia mental, que cria momentos de alegria e de desgosto. Os desejos criam prazer e dor, e aqueles que não têm resistência para aguentar a dor adoecem. 

O conhecimento dos chakras pode ajudar essas pessoas fracas, dando-lhes a garantia de
mudança e melhoria, colocando um espelho em frente a suas faces para lhes mostrar seu padrão de comportamento e ajuda-las a enfrentas a si mesmas.

       Aguardem a parte II pessoal!! Que a Grande Alva os abençoem.
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