Esta série contará com três textos e tem como objetivo clarear em nossa mente sobre a história dessa tão curiosa fonte de saber: A astrologia. Espero que aproveitem este ótimo conteúdo. Vamos lá.
Sem sombra de dúvida, a astrologia é um saber milenar. Todavia, é muito difícil, se não impossível, datar com exatidão a sua origem. Não obstante, é curioso pensar que quase todos os animais mantêm os olhos presos ao chão, mas os humanos, diferentemente, dirigem o olhar para o lado oposto, contemplando o céu e o movimento dos astros. Desse modo, pode-se dizer que a astrologia teve início quando o homem olhou para o firmamento e estabeleceu as primeiras correlações entre os fenômenos celestes e os acontecimentos na Terra.
Sem sombra de dúvida, a astrologia é um saber milenar. Todavia, é muito difícil, se não impossível, datar com exatidão a sua origem. Não obstante, é curioso pensar que quase todos os animais mantêm os olhos presos ao chão, mas os humanos, diferentemente, dirigem o olhar para o lado oposto, contemplando o céu e o movimento dos astros. Desse modo, pode-se dizer que a astrologia teve início quando o homem olhou para o firmamento e estabeleceu as primeiras correlações entre os fenômenos celestes e os acontecimentos na Terra.
Um dado importante a ser
mencionado é a estreita relação, até mesmo indistinção, durante milênios, entre
a astrologia e a astronomia, já que ambas baseavam-se em conhecer o movimento
dos astros com precisão. Martha Pires Ferreira cita no livro Metáfora dos
astros, que “(...) existem registros que seu conhecimento se situa em época bem
remota, mais de 26000 a.C.”, e que “nesta fase proto-histórica, pastores e
agricultores já haviam constatado a importância da ordem celeste.”
Em seu livro
Calendário, David Ewing Duncan relata que foram encontrados na região do vale
do Dordogne, na França, pedaços de ossos de águia datados de circa 11000 a.C. e
entalhadas com marcações que, para alguns pesquisadores, eram registros das
fases da lua e seriam, provavelmente, os primeiros calendários. Esses teriam
sido produto das minuciosas observações dos humanos dos ciclos planetários,
fundamento da astronomia e da astrologia.
Nesses tempos remotos, o saber
astrológico era produzido pela observação empírica e transmitido boca a boca.
Verdade seja dita, todos os povos plasmaram os céus. No entanto, a Mesopotâmia,
região entre os rios Tigres e Eufrates, foi o solo fértil no qual a astrologia
se desenvolveu, mantendo-se viva até os dias de hoje.
Mesopotâmia
Os povos que habitaram a
Mesopotâmia na antiguidade deixaram provas contundentes de que nessa terra,
chamada de crescente fértil, a astrologia teve suas raízes. Segundo Serge
Hutin, “não só documentos seguros atestam a existência muito desenvolvida da
astrologia entre os caldeus, dois ou três milênios antes da Era Cristã, mas as
descobertas mais recentes recuariam a sua prática a uma época nitidamente mais
anterior ainda, a dos sumérios, que a teriam trazido da Ásia Central por volta
do quinto milênio antes de Cristo.” Foram achadas na Mesopotâmia muitas tabelas
planetárias gravadas em tijolos, assim como documentos escritos por sumérios,
babilônios, caldeus e assírios. Esses povos formaram a matriz sobre a qual foi
edificada a astrologia, posteriormente desenvolvida e compilada pelos gregos.
O que diferenciou os
mesopotâmicos dos outros povos do Ocidente foi o fato de aqueles anotarem de
forma sistemática os fenômenos celestes e terem feito correlações entre o
movimento dos astros e os eventos terrestres. Tal prática se desenvolveu e foi
aprimorada especialmente devido à forte instabilidade política da região. Com a
presente perspectiva de perda de poder, os reis recorriam adivinhos
observadores do rei para lhes informarem as previsões do que estava para
acontecer. Na visão de Jim Tester, a causa principal para o desenvolvimento dos
cálculos astronômicos nessa região foi a organização do tempo segundo
calendários voltados para propósitos agrícolas e, especialmente, religiosos.
Não obstante, essas finalidades não se afastavam daquelas se cunho político,
porquanto, nesses povos, a arte divinatória da astrologia era praticada por
sacerdotes que enviavam os relatórios ao rei. Por muito tempo a astrologia foi
privilégio dos soberanos, mais tarde, também da aristocracia, e somente em cera
de 2250 a.C., na Era Alexandrina, foi utilizada amplamente para todos os
indivíduos.
Nas ruínas de Nínive, na
biblioteca do rei assírio Assurbanipal (668-630 c. C.), arqueólogos encontraram
tábuas de argila que reproduziam a cópia de uma coleção astrológica de data bem
mais antiga, dos tempos do rei Sargon, o Antigo. Nessas tábuas revela-se uma
astrologia totalmente voltada para os acontecimentos coletivos, afirmando o que
foi dito anteriormente. Eis aqui uma passagem descrita numa dessas tábuas
encontradas na biblioteca de Assurbanipal:
“O mês Addaru terá trinta dias.
Na noite de 13 para 14, observei o céu com atenção, levantei-me sete vezes, mas
não houve eclipse. Enviarei um relatório ao rei.”
Grandes templos foram erigidos na
Mesopotâmia antiga para a observação e adoração dos astros, denominados
zigurates. Os zigurates eram formados por sete andares de diferentes cores,
representando os sete planetas conhecidos até aquele momento. Do alto de um
ziguarte, os astrólogos observaram e anotaram com precisão os movimentos dos
astros no firmamento. No período babilônico, por volta de 727 a.C., já se
faziam registros de eclipses. No entanto, marcava-se o céu de acordo com q
posição das estrelas, e não de acordo com as marcas fixas de um Zodíaco de 30
graus, sistema posteriormente usado pela astrologia. Os primeiros zodíacos
provavelmente surgiram em torno de 2600 a.C.
Já na Antiguidade, além da
divisão da eclíptica em 12 signos, os desenvolveram igualmente um sistema de
divisão da esfera celeste em 12 partes, usando como referência a linha do
horizonte e o meridiano do observador. Tais subdivisões são conhecidas e
utilizadas até os dias atuais, com a denominação de casas astrológicas.
Por fim, foram os sumérios os
inventores do sistema sexagesimal de horas e minutos, facilitando sobremaneira
as operações matemáticas em relação à astronomia (diga-se de passagem, muito
complicadas).
Egito
Se a babilônia foi vista como o
berço da astrologia, esta prerrogativa deve ser partilhada igualmente com o
Egito. Afinal, a astrologia foi desenvolvida simultaneamente nas duas regiões.
As cartas celestes egípcias datam de aproximadamente 4200 a.C., e os horóscopos
de 3000 a.C.
Um dos mais importantes
testemunhos astrológicos egípcios é o Zodíaco circular esculpido no teto do
Templo de Denderah, hoje exposto no Museu do Louvre. Tal zodíaco continha todos
o saber dos sacerdotes referente à astrologia praticada na época. De forma
semelhante, era perceptível o conhecimento muito preciso da astrologia estelar
por parte dos construtores das grandes pirâmides, visto que elas estavam
orientadas na direção de estrelas de grande importância nas marcações do espaço
celestial. Além de servirem como túmulos, as pirâmides também eram
observatórios astronômicos. A propósito, no Egito é comum encontrar sarcófagos
adornados com representações dos signos do zodíaco.
Os egípcios criaram um complexo e
aperfeiçoado calendário chamado Sotíaco, que dividia cada uma das 12
constelações zodiacais em 3 partes, designadas pela estrela mais brilhante.
Desta maneira, estavam determinadas 36 divisões ou decanos, governadas
individualmente por uma divindade. Além do mais, até hoje utilizamos, com
poucas alterações, o calendários adotado por eles, com a divisão do ano em 13
meses e dos dias em 24 horas.
Acredita-se que os sacerdotes
egípcios conheceram a precessão dos equinócios e elaboraram um catálogo já
detalhado das estrelas visíveis, sabendo distingui-las dos planetas, chamados
de astros, que ignoram o repouso.
A Dominação Persa
Em 539 a.C., o rei Ciro II da
Pérsia dominou a Mesopotâmia, marcando o fim do império da Babilônia. Com a
prática de registrar os fenômenos celestes e no contato com os astrólogos da
Mesopotâmia, os persas introduziram a matemática nos cálculos astronômicos. Com
a regularização dos calendários, ocorre, então, um grande avanço na astrologia
e na astronomia. Ademais, são descobertos os períodos sinódico (diz-se das
revoluções dos planetas tendo como referência o sol) e sideral (diz-se das
revoluções dos planetas tendo como referência as estrelas fixas), de modo que
os planetas ficam estabilizados em signos zodiacais e não mais em constelações.
A primeira carta astrológica
conhecida da Babilônia data de provavelmente 410 a.C. Nela estão registradas
informações astrológicas do nascimento de uma pessoa numa determinada data e os
signos nos quais estavam posicionados a Lua e os planetas.
A Era Alexandrina
A partir da conquista da Caldeia
por Alexandre, o Grande, tornou-se possível um intercâmbio cultural entre o
pensamento helênico e a tradição intelectual dos povos do crescente fértil. Com
o avanço das tropas de Alexandre, o grego se torna a língua dominante, marcando
o início de uma propagação não só da astrologia, mas de todas as ciências
ocultistas desenvolvidas nessa região, alcançando, inclusiva, a Índia. Os
tratados de astrologia escritos em diversas outras línguas só chegaram até nós
porque foram traduzidos para o grego e, deste, para as línguas modernas. Um
outro aspecto referente a conquista de Alexandre é o fato de o pensamento dos
helênicos se voltar para o entendimento porquê as coisas, e isto acrescenta à
astrologia religiosa dos povos da Mesopotâmia e do Egito o cunho científico
nascido na Grécia.
A carta astrológica mais antiga
desse período data de 263 a.C., e os graus dos signos já eram mencionados. Uma
das efemérides mais antigas data de 307 a.C., e elas foram fabricadas até 42
d.C. Os registros gregos dessa Era Helenista estão cheios de referências a um
conhecimento ainda mais anterior da astrologia, referindo-se a ela como muito
antiga.
A Índia, o Extremo Oriente, a
América Central e os hebreus
Apesar de ter influências
babilônicas e gregas, entre outras, as bases da astrologia indiana são
totalmente distintas daquelas de astrologia clássica ocidental. Ela foi também
influenciada pela astrologia chinesa, principalmente no que se refere à
utilização do zodíaco lunar. Os astrólogos indianos praticavam a astrologia
horária, fazendo cálculos para a hora de uma determinada pergunta com o intuito
de obter melhor resposta e calculando mapas de eventos como casamentos, festas,
etc.
Ainda existem dúvidas quanto às
origens históricas da astrologia chinesa, se seria ou não mais antiga que a dos
caldeus. No entanto, sejam quais forem suas origens primárias, a astrologia
chinesa também foi muito própria e singular. Ela influenciou, além da Índia, a
astrologia feita em outras regiões do Extremo Oriente, como Coreia, Japão e
Ásia Central. A astrologia na América Central pré-colombiana também foi muito
particular e minuciosamente desenvolvida como a dos chineses, apresentando,
aliás, similaridades como, por exemplo, o emprego do simbolismo animal e
pirâmides construídas para a observação do firmamento semelhantes aos ziguartes
da Mesopotâmia. Mas talvez o mais importante seja a extrema complexidade dos
seus calendários com a interferência dos ciclos da Lua, do Sol e de Vênus.
Por outro lado, não se pode
duvidar que os sacerdotes de Israel também tinham conhecimento sobre os ciclos
solares e lunares, fundamentos das previsões astrológicas. Afinal, Moisés
marcou o Êxodo para a noite de Lua Cheia da primavera, sugerindo que ele
conhecia o ciclo lunar.
Verdade seja dita, o
desenvolvimento da astrologia é simultâneo na Índia, na China, na Grécia e em
tantos outros lugares. Afinal, a história não se desenvolve linearmente.
Aguardem a Parte II, pessoal. Que a Grande Alva os abençoem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário