quarta-feira, 26 de março de 2014

Seidhr - Técnica do Seidhr Oracular - Parte II ( final )

Este é o segundo e último texto do artigo sobre " Seidhr " , se este é o primeiro texto que está a ler, peço que antes dê uma olhada na Parte I e leia mais sobre esta técnica que é tão antiga quanto maravilhosa.

Como havia prometido, aí está uma técnica de Seidhr ( foi a mais confiável que consegui ). Gostaria de lembrar também antes do texto que toda prática mágica ( a maioria , pelo menos ) oferece algum risco à nós, então, se você não possui conhecimento sobre magia nórdica, mitologia nórdica, símbolos, xamanismo, técnicas básicas de magia, entre outros, não aconselho este procedimento. Estude, aprofunde-se e volte aqui quando sentir-se apto. Mas enfim, Vamos ao texto!

A condição básica para um candidato a seidhkona ou seidhmadr é a sua habilidade de entrar em estado alterado de consciência (transe), independentemente do método de indução (canto repetitivo, batidas de tambor, danças, meditação dirigida ou técnicas de respiração e visualização).



Se o praticante for solitário, ele deve ter um perfeito domínio sobre a prática de “ir e vir”entre os mundos, sabendo como se proteger e orientar em diversos níveis astrais.Se o seidhr for realizado em grupo, a pessoa que será o “vidente” será escolhida previamente ou se fará um rodízio entre os participantes mais dotados de sensibilidade paranormal.

Os “passos” deverão ser dirigidos pela pessoa mais experiente, que poderá atribuir algumas tarefas aos demais como: purificação e proteção do espaço, cantos ou batidas de tambor para criar a egrégora, invocações aos guardiães, divindades e espíritos ancestrais, orientação dos consulentes para saber como formular suas perguntas, auxílio ao(s) vidente(s) e seu rodízio, centramento e harmonização final de todos e fechamento do ritual.

Primeiro Passo: purificação do ambiente com resinas naturais (recels), queimadas em um braseiro, precedida por uma “varredura” das paredes e do chão com uma vassoura de galhos verdes.

Segundo Passo: criação do espaço mágico riscando-se seu contorno (círculo, quadrado, retângulo, losango) com giz ou demarcando-o com corda, cristais, pedras. Não é recomendável o trabalho ao ar livre devido a possíveis interferências ou imprevistos que provoquem a interrupção brusca do transe, que desequilibra o psiquismo do vidente ou impede sua concentração.

Terceiro Passo: preparação dos participantes com danças rítmicas ou xamânicas, entoações de galdrsongs, práticas de respiração, sintonização energética para “puxar” o önd (da terra e do ar) e ativar o mægin pessoal. O grupo senta-se em círculo ao redor do vidente, que deve ficar em um nível mais elevado (uma plataforma ou cadeira), com a cabeça coberta com um capuz, xale ou véu e apoia do em um cajado mágico (entalha do com inscrições e símbolos rúnicos de proteção). O cajado também serve como apoio para os videntes que se balançam ou se agitam durante o transe. Às vezes é necessário que um ajudante fique atrás do vidente para assisti-lo e ajudá-lo a descer no final, quando ele pode estar tonto, trêmulo e com o corpo enrijecido.

Quarto Passo: meditação xamânica (induzida com cantos repetitivos ou batidas de tambor) seguida de uma
meditação dirigida, que conduza toda a assistência por uma “caminhada” em uma floresta secular em Midgard até encontrar Yggdrasil, descendo depois por uma das suas raízes até a fonte de Urdh, para pedir a permissão às Nornes e sua bênção para a sessão.
Continuando a meditação, o seu trajeto pode espiralar pelos mundos mais acessíveis de Yggdrasil (sem parar em nenhum) ou descer diretamente para o mundo subterrâneo, margeando o gelado e sombrio rio Gjoll.

Ao chegar à ponte que leva ao reino de Hel, os participantes “param” e aguardam, permanecendo em transe leve durante toda a sessão de seidhr, enquanto o dirigente conduz apenas o vidente para pedir permissão à guardiã Mordgud e atravessar a ponte, esperando na frente das muralhas que cercam a morada de Hel. Quando o vidente sente que seu transe é bastante profundo e que es tá pronto para prosseguir, ele faz um gesto previamente combinado e o dirigente o conduz pelo portal, na direção do misterioso e escuro mundo de Hel.

Quinto Passo: os participantes permanecem em silêncio e contemplação enquanto o dirigente pede ao vidente que descreva o que vê ao seu re dor. A descrição pode variar de um vidente para outro, mas há sempre a menção à atmosfera sombria, às vezes tenebrosa, com vislumbre de lápides, espíritos desencarnados ou vultos.

Hel pode aparecer velada ou sentada no seu trono, vigiado pelo cão Garm (ao qual se costuma fazer uma oferenda energética ou material no final da sessão), e sua aparência pode ser semelhante à descrição clássica ou ter outras características.
Enquanto o vidente descreve as cenas, a assistência deve acompanhar e visualizar tudo o que está sendo relatado, sem se distrair ou cair no sono.

Sexto Passo: assim que o vidente responde (com um gesto ou aceno de cabeça) à pergunta do dirigente “Vidente, estás pronta para responder?”, as pessoas que querem se aconselhar levantam a mão e esperam sua vez de ficar de pé e formular sua pergunta. O consulente nunca deve chamar o vidente pelo nome nem fazer gestos bruscos ou barulhos que possam distraí-lo ou assustá-lo, interrompendo o transe. É preciso lembrar que, no estado de transe profundo, a pessoa fica muito mais sensível, pois seus sentidos estão mais aguçados e a percepção, ampliada.

Existe uma “etiqueta” em relação às perguntas feitas ao vidente. Elas devem ser expressas em voz alta e clara (o vidente tem a cabeça coberta), de maneira sucinta e objetiva, sem rodeios ou informações dúbias, mas cheias de sentimento (para criar a sintonia). De vem ser evitadas questões fúteis, triviais ou que se refiram a outras pessoas. Jamais de vê-se “testar” a habilidade psíquica do vidente perguntando sobre assuntos conhecidos, datas, nomes, números. Cada pessoa deve fazer não mais que três perguntas breves ou uma mais complexa.

É bom lembrar que o vidente desprende muita energia psíquica enquanto permanece em transe, por isso ele deve ser respeitado e poupado de sobrecargas energéticas ou astrais. Por mais que a sessão de seidhr demore, os participantes não podem cochilar, pois isso deixaria a sua aura permeável a energias indesejadas ou eles poderiam ser atraídos, em espírito, para um plano astral de onde não conseguiriam voltar.
Cantar, bater tambor ou palmas auxilia na manutenção da egrégora energética e evita a sonolência.

Quanto às orientações dadas pelo vidente, elas podem vir em forma de alegorias, metáforas ou palavras enigmáticas, às vezes dirigidas a várias pessoas além daquela que perguntou. Se alguma orientação for dada em tom de censura ou reprimenda, o consulente não deve se sentir ofendido ou se queixar do vidente, pois ele está apenas transmitindo aquilo que ouve, percebe, sente ou vê nos outros planos ou níveis de consciência. Qual quer que seja o conselho, o consulente deve agradecer, sem tecer comentários ou insistir na questão.

Um aviso prático: não peça esclarecimentos ao vidente depois do transe, pois ele raramente se lembra do que falou. Além do mais, trazer à tona assuntos que foram respondidos interfere na orientação inicial e
aumenta a confusão. Em caso de dúvida, medite, reflita, pesquise, peça auxílio a seus aliados e mentores espirituais ou use seu oráculo rúnico.

Sétimo Passo: se o grupo for grande ou o vidente se cansar, ele pode ser substituído por outro(s), de pois de ser trazido “de volta” pelo dirigente, com palavras endereçadas
apenas a ele, em voz baixa, enquanto os participantes continuam no transe leve.

Assim que voltar ao “aqui e agora” o vidente deve receber alguns cuidados para se reintegrar à realidade (massagens nos pés e mãos que ficaram adormecidos, um chá quente, agasalhos, doação de energia por imposição de mãos, respirações profundas e movimentos leves com a cabeça). Se outro vidente assume o trabalho, o dirigente repete o mesmo procedimento e cuidados para colocá-lo e tirá-lo do transe, enquanto a assistência permanece em silêncio.

Oitavo Passo: terminadas as perguntas, a assistência é trazida “de volta” com uma meditação dirigida, que segue o mesmo roteiro, no sentido inverso, assinalando o “despertar” com batidas mais rápidas de tambor.
Quando todos “voltam”, o dirigente — ou seus auxiliares — faz os agradecimentos às forças espirituais invocadas e o círculo mágico é aberto.

Observação: uma vez começada a sessão de seidhr não é permitida a saída de nenhum participante, muito menos a entrada de pessoas atrasadas. Em caso de extrema necessidade, o dirigente pode “abrir” um portal no círculo e “fechá-lo” em seguida, usando seu gandr. Nunca é de mais alertar que as técnicas de magia nórdica são muito poderosas e aqueles que se valem delas sem o devido conhecimento, proteção e prudência podem sofrer conseqüências imprevisíveis e indesejadas.

Para seguir o roteiro tradicional é necessário usar sempre as mesmas imagens e palavras, sem mudá-las de uma sessão para outra. Como exemplo cito as perguntas para o vidente: “Vidente, o que es tás vendo?”, “Vidente, estás pronto para responder?”, “Tem alguém aqui que queira perguntar algo?”, bem como a frase clássica encontrada na saga Eirik Rauda, dita pela völva: “É importante que você saiba, quer saber mais?”, que o vidente usa se percebe que o consulente ficou com alguma dúvida que pode ser esclarecida e nesse caso pode ser mais bem detalhada.

O dirigente assinala o fim da sessão de seidhr dizendo: “Tudo foi perguntado, tudo foi respondido. Agradecemos aos espíritos que nos atenderam, compartilhando sua sabedoria conosco. Agora chegou a hora de voltar.” Depois ele continua a meditação dirigida e agradece às divindades, aos aliados e ancestrais.
Se o grupo ou o vidente não se sentir à vontade com a descida para o rei no de Hel, pode ser escolhido outro roteiro, mas partindo sempre de Yggdrasil e seguindo seja para a fonte das Nornes, do deus Mimir ou da deusa Saga; seja para Asgard ou Vanaheim, depois de escolhida previamente a morada de uma Odin, Freyja, Heimdall, Nerthus, Fjorgyn, Gefjon, Gna, Sif, Vor.
divindade com atributos oraculares como

É importante seguir sempre o mesmo trajeto e roteiro formulados com antecedência para garantir a uniformidade das experiências. As imagens, símbolos, arquétipos, lugares e nomes devem pertencer ao mundo mítico e ao habitat natural dos povos nórdicos, possibilitando assim o acesso do vidente para esse substrato do inconsciente coletivo.

A meditação dirigida é o meio que imprime o imaginário nórdico na mente dos participantes e amplia a percepção sutil e o alcance oracular do vidente. Para conseguir essa sintonia vibratória é indispensável o profundo conhecimento da cosmologia nórdica e das características
mitológicas, culturais e geográficas daquela região.

Texto I e II extraídos do livro Mistérios Nórdicos - Mirella Faur.

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