domingo, 12 de janeiro de 2014

Sexo e Castidade

Retirado do livro Tratado Elementar de Magia Prática, de Papus ( texto adaptado ).

O amor, que identificamos como excitante do ser total é um centro de expressão relacionado à GERAÇÃO. A geração pode ser psíquica, fisológica ou física. A união de dois cérebros para o mesmo fim cria idéias vivas; a união de dois corações dedicados a um mesmo ideal cria sentimentos que sobrevivem à morte física; a união física (sexual) de dois seres dá origem às criaturas. 

A ciência do magista consiste em substituir progressivamente os prazeres da procura do amor físico pelos deleites mais delicados, os sentimento duráveis e depois, pelos entusiasmos menos enganadores das criações intelectuais.

O homem que considera o amor físico, o sexo, como o eixo fundamental do bem estar ou da realização na existência, está condenado ao mal estar a à frustração inevitáveis pois, com o passar dos anos o vigor sexual se dissipa, e se não conhece outros prazeres, fica desprovido de interesse pela vida e torna-se presa fácil da apatia, do desânimo.

O controle dos impulsos sexuais exige um treino longo e progressivo. Somente a ignorância justifica a imposição de uma castidade absoluta aos jovens recém iniciados e que ignoram quase tudo da vida . Os maiores dentre os fundadores de ordens religiosas eram,
ao contrário, velhos militares ou pessoas já cansadas do mundo e seus prazeres. Santo Agostinho é um bom exemplo, pois somente ingressou num mosteiro depois de passar toda a juventude entre estudos e amores profanos.

É evidente que quem visa desenvolver poderes excepcionais deve achar-se em condições de resistir às sugestões do sexo. Os ritos mais rigorosos impõem, ao menos, quarenta dias de abstinência aos práticos mais treinados, antes de qualquer operação mágica. O objetivo é: 1) não dissipar uma energia qualitativamente preciosa, que é a energia sexual ou geradora; 2. 

Evitar trocas energéticas nocivas que podem resultar do ato sexual.

Não é proibido ao magista amar; mas ele não deve, absolutamente, deixar-se dominar pelo amor a tal ponto de sua vontade aniquilada pelo ser desejado e/ou amado. Os impulsos do amor devem ser tratados como reflexos sobre os quais o homem de vontade (e mulheres também) deve manter predomínio completo a todo instante.

 Em boa parte dos casos, os parceiros sexuais ou amorosos não admitem por muito tempo partilhar o ser amado com a Magia, rival cujos encantos aumentam com o tempo ao passo que os atrativos do amor passam, decaem, como tudo que se refere ao plano material. O processo de adaptação do magista deve, pois, capacitar o Iniciado a ceder ou resistir ao amor conforme sua vontade. Um ser humano cuja esfera superior é desenvolvida deve saber deter-se no instante em que uma paixão amorosa vai manifestar-se, especialmente se é um sentimento caracteristicamente "passionale" (de paixão), ou seja, um desejo do Ser Passivo que tenta se impor ao Ser de Vontade.

O indivíduo que exerce uma função sacerdotal deve ser casto e abster-se de carne durante os quinze dias que precedem e os quinze dias que seguem o desempenho do sacerdócio porque, em verdade, realiza um ato de Alta Magia. Deve-se dominar as sugestões do amor com todo o esforço de uma vontade enérgica, porém nunca ignorar seus mistérios. A prática alterna períodos mais ou menos longos de abstinência absoluta, períodos consagrados ao estudo, ao trabalho e às ocupações da vida cotidiana. 



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