sexta-feira, 1 de maio de 2015

O Simbolismo da Coruja através dos Tempos - Parte II (Final)

Nota: Para uma melhor compreensão do texto que se segue é interessante a leitura prévia do Texto I (clique aqui).


A Coruja nas mais diferentes Culturas
África do Sul: A coruja é a mascote do feiticeiro zulu. E no xamanismo é reverenciada por enxergar a totalidade.

Argélia: A crença diz que colocar o olho direito de uma coruja na mão de uma mulher dormindo, fará com que ela conte segredos.

Austrália: Os aborígenes acreditam que a coruja representa o espírito da mulher. O espírito do homem é representado pelo morcego.

Babilônia: Origem do mito de Lilith, onde amuletos de coruja protegiam as mulheres durante o parto. O mito foi citado pela primeira vez no épico Gilganesh, escrito em 2000 A.C. . Lilith era uma linda jovem com pés de coruja, que denunciavam sua vida notívaga. Ela era uma vampira da curiosidade, que dava aos homens o desejado leite dos sonhos.

Brasil: Matita Perê é uma velha vestida de preto, com os cabelos caídos pelo rosto. Diz a lenda, que ela tinha poderes sobrenaturais e preferia aparecer nas noites sem luar, sob a forma de uma coruja. Na tradição guarani, o espírito Nhamandu, o criador, manifestou-se na forma de coruja para criar a sabedoria. No dicionário, o adjetivo corujeiro é um elogio, e significa agradável e, o melhor, disposto a tudo. No folclore brasileiro, diz que para que os seus filhotes não fossem vítimas de predadores, ela avisava que seria fácil reconhecê-los, eles eram os "mais bonitos" da floresta. Daí o dito popular: "Toda a coruja gaba-se do seu toco", referindo-se ao ninho de seus horríveis filhotes. Assim como uma mãe elogia seus rebentos, mesmo sabendo que eles não têm nada de beleza.

China: A coruja está associada ao relâmpago. Usar imagens de coruja em casa protege contra os raios.

Estados Unidos: Os dakotas viam a coruja como um espírito protetor. Os hopis tinham a coruja como guardiã do fogo.

França: A coruja é o símbolo de Dijon, cidade francesa. Há uma escultura de coruja na Catedral de Notre Dame, e quem passa a mão esquerda nela ganhar sabedoria e felicidade. No folclore francês, quando uma mulher grávida ouve uma coruja indica que ela dará a luz a uma menina.

Índia: Sua carne é considerada uma iguaria afrodisíaca. E também serve para curar dores reumáticas.

Inglaterra: A coruja branca servia para que os ingleses pudessem prever o tempo. Quando a ouviam guinchar, significava que iria esfriar, ou que uma tempestade, estava vindo. Os curandeiros curavam a bebedeira e a ressaca, com ovos de coruja crus. O costume britânico de pregar uma coruja na porta do celeiro para espantar o mal, durou até o século XIX.

Marrocos: O olho de uma coruja, preso em um cordão no pescoço, é um excelente talismã.

Peru: Cozido de coruja serve de remédio para quase tudo.

Portanto, de acordo com o trabalho exposto, percebemos claramente a significação geral em torno da imagem da Coruja como representação totêmica. Vimos as interpretações de diversas culturas e podemos concluir que a coruja é vista unanimemente como um ser do submundo (noite) devido à seus hábitos noturnos, e como a noite é fonte mitológica e ocultista dos trabalhos mágicos, foi atribuído à significação da ave alguns dons como clarividência, projeção astral, cura energética, entre outros. 

Filosoficamente a coruja é associada também pela sua prática noturna, a introspecção filosófica visando a compreensão de questões assimilando-se à sua vida noturna. Sua atenção e capacidade de execução também trazem bastantes simbolismos (como vemos com a Grécia).

As garras da coruja também foram associadas à Lilith, Divindade suméria relacionada à morte, sexualidade e partos, por ser certeira sua mira em relação à caça. Voam silenciosamente, sem provocar ruídos que suas presas escutariam e fugiriam. Esse silêncio é possível graças à estrutura das asas: elas apresentam nas extremidades,
penas dispostas não continuamente, com intervalos entre uma e outra, como se fossem chanfraduras. 
Cada uma dessas penas tem o que os ornitólogos chamam de “dentadura”: a borda também chanfrada, com as barbas separadas, parecendo minúsculos dentes. Quando a coruja voa, o ar flui livremente por essas chanfraduras e, na falta de impacto, não produz ruído.
Segundo o site HypeScience (2011) " corujas, além de ter a melhor visão noturna de todos os pássaros, também tem uma antena parabólica na cara.

Isso mesmo. O padrão circular de penas no seu rosto atua como uma antena, concentrando o som e dando-lhes o que pode ser a melhor audição direcional do mundo.

E ainda mais estranho, esses padrões de penas também podem, sem brincadeira, serem ajustados individualmente para aumentar a recepção."

A capacidade do ouvido da coruja em perceber sons extremamente fracos é considerada milagrosa, revelando outro mecanismo de adaptação à vida noturna. Ela é capaz de localizar um roedor pelo mais leve barulho de seus passos, em meio a um festival de ruídos.

É por estes fatores científicos, culturais, mitológicos e também empíricos, eu diria, que a coruja tem grande força representativa nas práticas mágickas e esotéricas da atualidade. Seu valor é enorme e seus simbolismos são tão antigos e ricos que imbuíram a figura deste animal com grande poder. Agora que meu lado esquerdo do cérebro está saciado, posso usar meu lado direito mais livremente com minhas estatuetas e meus totens (risos).
Igor Pietro.
Natal, 27/04/2015.


REFERÊNCIAS
The Order of Bards Ovats & Druids. Blodeuwedd. Disponível em:  <http://www.druidry.org/library/gods-goddesses/blodeuwedd>. Acesso em 26/04/2015.
Wikipédia. Blodeuwedd. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Blodeuwedd>. Acesso em 26/04/2015.
Templo de Avalon. Avalon e as Deusas. Disponível em: <http://www.templodeavalon.com/modules/mastop_publish/print.php?tac=Avalon_e_as_Deusas>. Acesso em 25/04/2015.
Olhos de Bastet. BLODEUWEDD. Disponível em: <http://www.olhosdebastet.com.br/textos/BLODEUWEDD.htm>. Acesso em 26/04/2015.
DAMASIO, Marcos R. A Coruja de Minerva. 2008. Disponível em: <http://inclinacoesfilosoficas.blogspot.com.br/2008/02/coruja-de-minerva.html>. Acesso em 25/04/2015.
CONCEIÇÃO, José Antônio. A Coruja da Filosofia. 2014. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Usu%C3%A1rio(a):Jose_Antonio_da_Concei%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em 26/04/2015.
NOLÊTO, Rafael. Suindara (Rasga-Mortalha). 2010. Disponível em: <http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Suindara_(Rasga-Mortalha)>. Acesso em 25/04/2015.
ZIADE, Betty. O Poder Místico da Coruja. Disponível em: <http://www.gazetadebeirute.com/2013/06/o-poder-mistico-da-coruja.html>. Acesso em 26/04/2015.
Ocultura. Neith. Disponível em: <http://www.ocultura.org.br/index.php/Neith>. Acesso em 26/04/2015.
Candomblé. O Mundo dos Orixás. Iyá-Mi Osorongá, 2008. Disponível em: <https://ocandomble.wordpress.com/2008/08/10/iya-mi-osoronga/>. Acesso em 26/04/2015.
Blog do GUARA. A Simbologia da Coruja, 2010. Disponível em: <http://www.seuguara.com.br/2010/01/simbologia-da-coruja.html>. Acesso em 27/04/2015.
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Xamanismo. 29- Sabedoria. Disponível em: <http://www.xamanismo.com.br/Roda/SubRoda1191072387010It005>. Acesso em 27/04/2015.
A Vassoura da Bruxa. Coruja. 2010. Disponível em: <http://avassouradabruxa.blogspot.com.br/2010/09/coruja.html>. Acesso em 25/04/2015.
WikiAves. Strigidae. Disponível em: <http://www.wikiaves.com.br/strigidae>. Acesso em 27/04/2015.
HypeScience. 5 aves com habilidades que deixam super-heróis no chinelo. Disponível em: <http://hypescience.com/5-aves-com-habilidades-que-deixam-super-herois-no-chinelo/>. Acesso em 01/05/2015.

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