Iniciemos nossa investigação evocando a fala do autor de origem inglesa Walter Gorn Old, mais conhecido como Sepharial, em sua obra Manual de Ocultismo (1984) que situa-nos com acerto no caminho pelo qual prosseguiremos.
"Quem se dedica a governar e orientar esses poderes misteriosos empreende uma tarefa ousada. Deve levar em consideração que está penetrando o mais profundamente possível nas mais elevadas leis da Natureza. Nunca deve entrar nesse santuário sem um temor reverente e o mais profundo respeito pelos princípios que tenciona colocar em funcionamento."
"Eu não posso ensinar nada a ninguém,
eu só posso fazê-lo pensar."
Sócrates.
Ordo et Caos
Comecemos olhando para as
mais remotas idades e civilizações, onde notamos caracteristicamente a figura do sacerdote sempre
presente. Aqueles seres do grupo ou da tribo que eram dotados de conhecimentos
metafísicos, indivíduos que exploravam as propriedades secretas de certos objetos
ignorados pelo vulgo, que percebiam a simpatia entre a natureza e o homem,
sujeitos capazes de verdadeiros milagres e que, das religiões totêmicas às hodiernas, sempre estão relacionados de alguma forma ao
contato com o mundo espiritual. Xamãs, pajés, brâmanes, hem-Netjer são alguns exemplos de sacerdotes que existiram em
tempos remotos e alguns ainda fazem-se presente na atualidade.
Geralmente suas funções vinculavam-se à(s) divindade(s) superior(res) cultuada(s) (seja alguma específica,
seja a natureza de forma geral, etc.) e, reinando nas tribos a ideia de submissão para com as divindades -tudo dependia do apreço dos Deuses para com eles, sua colheita, sua vida, etc. - construía-se uma imagem de respeito e dependência para com as entidades responsáveis por esta mediação homem-divindade que nas épocas medievais eram considerados
detentores da sabedoria divina, propagavam seus conteúdos de uma forma lírica, mitológica e por meio de uma rica linguagem hieroglífica. Eram os sujeitos-do-saber.
Conservavam-se separados dos demais em um tipo de introspecção e isolamento necessários ao
seu desenvolvimento, pois era primordial que as práticas ocorressem longe de olhos ínscios (dentre outras razões sociais, obviamente). De modo geral o procedimento para a escolha de um novo aprendiz realizava-se como a seguir: