Então pessoal, este é o terceiro e último texto da série sobre o resumo da história da astrologia. Se você está aqui mas não leu os outros textos é importante que os leia para uma melhor compreensão. Aqui estão eles:
- Um breve Passeio pela História da Astrologia – Da Mesopotâmia a América Central – Parte I
- Um breve Passeio pela História da Astrologia – Da Grécia ao Ocidente Medieval – Parte II
Em relação aos métodos, parece
que pouquíssimos aspectos na correnta árabe-latina eram diferentes daqueles da
Idade Medieval. No entanto, surgem pensadores que seguiam as ideias de
Ptolomeu, que criticam o pensamento árabe e fazem
uma “reforma” na astrologia,
seguindo a linha das obras de Kepler.
Uma guinada importante no
pensamento renascentista foi a derrubada de da teoria geocêntrica por Nicolau
Copérnico, mudando a ideia de que não é a Terra o centro do Universo, mas sim o
Sol, de maneira que a Terra e outros planetas orbitam em torno dele. Apesar de
a astrologia continuar fortemente ligada ao geocentrismo, essa mudança não fez
com que a crença nas predições dos astros desaparecesse.
Inclusive, o próprio
Copérnico acreditava nas influências plantarias. Da mesma forma, tycho-Brahé –
mestre de Kepler – não foi somente um astrônomo de renome, como também um
astrólogo convicto na prática da elaboração de horóscopos. Como afirma Martha
Pires: “É do ponto de vista da terra que percebemos os movimentos celestes. É
da Terra que fazemos nossos referências e plasmamos infinitudes’.”
Na Renascença, poucos pensadores
realmente condenavam a astrologia, e quando o faziam, a motivação era
científica, e não religiosa.
A rainha Caratina de Medicis, da
corte francesa, teve dois astrólogos famosos a seu serviço: Nostradamus e
Augier Ferrier. Nostradamus (1503-1566), autor das Centúrias, foi médico,
astrólogo, adivinho e profeta. Ele ligou a astrologia as praticas mágicas. Na
Italia, dentre os pensadores renascentistas praticantes da astrologia, se
destacou o filosogo, médico e matemático Jerônimo Cardano (1501-1576) e, na
Alemanha, o ilustre Paraceksim que relacionou astrologia e medicina de maneira
explícita. Na França, Jean-Baptiste Morin, de Villefranche (1538-1656), autor
da obra Astrologia Gallica, composta de 26 livros, foi um dos mais importante
compiladores e codificadores da astrologia.
Séculos XVII, XVII, XIX e XX
É passível de entendimento que
não há um verdadeiro rompimento entre a renascença e o século XVII. Sendo
assim, durante muito tempo as perspectivas astrológicas não se modificaram.
Johanes Kepler (1571-1630)
elaborou as três leis que regem as órbitas dos planetas em torno do Sol. Ele
fez seu próprio horóscopo, além de fazer predições astrológicas para os nobres.
No começo do século XVII, entre
os membros da fraternidade Rosa-cruz, a astrologia era tida em alta conta, e
renomados astrólogos fizeram parte dessa sociedade secreta. Para os rosacrucianos,
a astrologia era um saber indispensável das ciências herméticas tradicionais.
O mais célebre astrólogo desse
século foi Willian Lilly (1601-1682), autor da obra Astrologia cristã, com mais
de oitocentas páginas.
No meio do século XVII, a
astrologia e a astronomia se separam definitivamente e, desde então, quase
nenhum astrônomo acreditaria mais na astrologia. Exceção a essa regra foi
Flamstead, criador do Observatório de Greenwich. Uma passagem interessante
relacionada com essa separação é o comentário de Isaac Newton e Halley,
astrônomo e cético que questionava as bases da astrologia:
“Senhor, eu a tenho estudado, o
senhor não.”
No século XVIII, o “Século das
Luzes”, a atitude geral das pessoas era completamente cética em relação à
astrologia. Afinal, no auge do racionalismo, esse saber foi renegado, porque
não se podia prova-lo letivo de 1770, o último curso acadêmico de astrologia é
fechado na Universidade de Salamanca, na Espanha. No entanto, nas sociedades
secretas, como a já citada Rosa-Cruz, a astrologia ainda era preservada. Não
obstante, por mais de um século, o conhecimento astrológico ficou nas mãos de
um pequeno grupo de indivíduos na Europa.
Entre os cultos da sociedade do
século XIX, o desc´redito na astrologia se mantinha, e somente em meados desse
século se registrou a chegada de novos ares. E foi sob os pseudônimos bíblicos
de Zadkiel e Raphael que dois ingleses reabilitaram a apreciação sobre a
astrologia. Zadkiel (Richard James Morrison) e Raphael (William C Wright), dois
astrólogos, publicam diversos almanaques astrológicos, marcando o início da
chamada “astrologia científica”, que se espalhou pelo mundo anglo-saxônico e
pelos Estados ocidentais.
Desse modo, os astrólogos desse
século e dos subsequentes deveriam se preocupar com o cientifismo do saber, e
também com a renovação das perspectivas tradicionais da astrologia. Muitos
deles pertenciam a sociedades secretas, como a Sociedade Teosófica, fundada por
Madame Blavatsky, e a Ordem Martinista de “Papus”.
Na belle époque, período de
profundas transformações culturais do início do século XX, o espetacular
renascimento da astrologia não cessou. No começo dessa época, os livros e as
revistas sobre o assunto, além das escolas especializadas, eram um tremendo
sucesso. Um pouco antes da Segunda Guerra Mundial, Charles Fossez – o Fakir
Birman – inventou os horóscopos diários que, hoje em dia, são famosos e
indispensáveis nos jornais do mundo inteiro.
Desse modo, a astrologia
comercial cresceu não só na imprensa, através dos jornais e das
revistas, como
chegou também ao rádio e à televisão. Mas o último aperfeiçoamento foi o
horóscopo feito no ano de 1968, em Paris, pelo computador IBM 360-30, que calculou
os dados astronômicos de uma carta natal e, cruzando-os com textos redigidos a
priori, traçou um retrato psicológico individualizado.
Foi mergulhado nesse caldo
cultural da época que teve início a divisão entre os astrólogos que querem da
astrologia uma ciência a todo custo e aqueles que permanecem ligados às
tradições.
Foi ainda nesse cenário do século XX, da época do surgimento de
tantos novos saberes, que nasceu a astrologia humanista, tão bem representada,
entre outros, por astrólogos como Dane Rudhyar, Ste´han Arroyo e Liz Green e,
no Brasil, pela alemã Emma Costet de Mascheville. Cabe, nesse momento,
transcrever novamente uma das declarações feitas por essa astróloga, ilustrando
de maneira magistral a natureza desse novo olhar: “Não é o Saturno do céu que
atormenta e, sim, o que está em ti.”
Esta série foi retirada do livro Os astros sempre nos acompanham, da autora Cláudia Lisboa.
É isso pessoal. Até mais e que a Grande Alva os abençoem.
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