quarta-feira, 23 de abril de 2014

A Senda entre a Pomba e a Serpente

" Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas." Mt 10:16


Desde que nascemos nos deparamos com a dualidade das coisas, vemos ela em tudo que fazemos, desde o acordar até o deitar. A dualidade está presente em cada passo que damos em nossas vidas ( um pai e uma mãe, um dia e uma noite, um falo e uma vulva, etc.) ,desse modo, obviamente também não se descarta a visão disto num âmbito mágico.

Há até hoje religiões e culturas que lidam com o lado antagônico do ser, alguns tratam esse 'espelho de ideias' como algo ruim e inimista, já outros compreendem a noção de dualismo como algo a se completar, como metades de uma laranja, como a própria imagem do Tao. 

Sempre ouvimos falar em sol e lua, terra e céu, preto e branco e todas essas outras comparações de sujeitos que seriam opostos, talvez você nunca tenha percebido, mas no meio mágico também há uma 'divisão' em termos de caminhada, é aí que entra o simbolismo da pomba e da serpente.

Desde muito tempo as pessoas vem falando muito em tradição do sol e tradição da lua, como duas tradições isoladas, isso por quê muitos filmes e livros destacam em diversos momentos esses termos, porém, as expressões estão equivocados ( não estão erradas, já que tratam praticamente do mesmo assunto) , o termo correto seria Tradição da Pomba e Tradição da Serpente , que, antigamente, é como era denominado o caminho do analisar e o caminho do sentir.

A tradição da pomba se ocupa com o caminho gradual, voltado mais aos estudos de obras e escritos sobre o assunto mágico, seria o discípulo acadêmico, é o estudo que é padrão, onde o estudante sobe grau a grau, estudando apenas o material de tal nível, até ascender e poder estudar o outro, é, o que seria hoje em dia, as ordens iniciáticas, a maçonaria, os estudos herméticos, seria um caminho mais científico que perceptivo, ou seja, muito estudo e então prática. Já a tradição da serpente, é o 'oposto' disso. 

A tradição da serpente é o caminho sensitivo, da percepção, do sentir, da intuição. Aqui os praticantes ocupam-se mais com a prática voltada ao contato com o extrafísico, com as energias da natureza e do cosmos.
A maioria diz ter a magia no sangue, ou seja, não precisaria de tanto conhecimento teórico, pois saberia dos trabalhos mágicos intuitivamente. 

Este é o caminho da ancestralidade, do contato com vidas passadas, dos insights. Hoje encaixaria-se bem com as múltiplas tradições bruxas ( as verdadeiras, claro), onde o contato com o self interior ( divino) é constante.
Estes são os caminhos que existem no mundo mágico, porém, paremos um momento para uma breve análise.
A tradição da pomba se ocupa com o didático e a serpentária com o sensitivo, desse modo, elas não deveria se completar? Enxergamos bem essa dualidade completa no caduceu sagrado de Hermes, que possui duas serpentes entrelaçadas e no alto, asas de pomba, que simbolizam também a dualidade dos caminhos e à mesma direção a que ambos levam.

Um magista que só possui intuição não é um magista
, pois há ritos que é de extrema importância o entendimento sobre geometria do espaço, posição dos utensílios e até mesmo horário astrológico, da mesma forma que um magista que apenas possui o conhecimento teórico não poderia ser chamado desta forma, pois nada adianta o conhecimento teórico sem a prática vivenciada.

Estes caminhos também acabam entrelaçando-se, pois só usando-se da intuição alguma hora acabaria vendo lógica e anotando que de tal forma é melhor de executar tal consagração, buscando mais sobre uma mensagem vinda do astral ( usaria do teórico), e também a medida que vamos agregando conhecimento teórico e fazendo as práticas, cedo ou tarde ganhamos intuição, ou até mesmo empurrões de egrégoras para que vejamos certas coisas.

Assim sendo, vemos o quanto os caminhos opostos se completam. O mago real possui intuição e

conhecimento teórico, para assim poder desempenhar um papel funcional no Todo. Começar por este caminho ou pelo outro não importa, ambos levam a mesma direção e, mesmo que você não queira, em todo caminho iniciático vivenciamos os dois caminhos, os dois tem uma separação tênue, mas andam lado a lado.

O esforço maior do buscador está em tentar equilibrar-se, é tornar-se o ponto no meio do círculo ( símbolo astrológico do sol) , é tornar-se o Tao, pender somente para tal vertente apenas fará com que você perca a outra parte, o outro lado, e o que fala-se mais no mundo mágicko do que no Todo? Sejamos o Todo.

É isso, pessoal. Até a próxima e que a Grande Alva os abençoem.

6 comentários:

  1. Estou gostando muito do blog. Parabéns!

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    1. Obrigado!
      É sempre bom ler um comentário positivo. (:
      Bençãos da Grande Alva.

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  2. olá, bom dia!
    gostaria de saber como fazer para se filiar às Tradições, e se por acaso há alguma aqui em Campinas/SP.
    Grato!

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    1. Ola,Coca.

      As tradições citadas no texto tem várias formas e sistemas de manifestação. Geralmente não são conhecidas por esse nome. Provavelmente em campinas exista algum sistema que se liga ideologicamente e em relação a prática magicka a esses saberes, mas seria preciso investigar. Procure no Facebook por grupos de bruxaria ou ocultismo na sua região.

      E lembre-se sempre de filtrar bem tudo que vê.

      Obrigado pelo comentário.
      Paz e luz!

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  3. adorei! gostaria muito de aprender e me iniciar nessas tradições, sabe de alguém/ grupo, no Rio de Janeiro?

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    1. Que bom que gostou!
      No RJ há muitas tradições de bruxaria e ocultismo operando! Dá uma pesquisada que você encontra!
      Paz e luz!

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